“Tudo Vai Mudar”

Neila Abrahão (guitarra e vocais), Mari Moga (vocais), Helen Ferla (baixo),Bruna Malta (bateria) – mulheres que, de sexo frágil, só na delicada estampa de cada uma. A VALENTINE é uma banda de rock and roll cuja fonte vem dos célebres nomes do estilo. De AC/DC a The Runaways; de Kiss a Guns N’ Roses; de Motorhead a Bon Jovi. Quer dizer, uma paisagem bem conhecida do público roqueiro, o que é muito bom.

Mas isso serve apenas como aperitivo. Nem só das referências se alimenta o som das meninas. Elas têm o 6º sentido alinhado ao bom senso e à criatividade. O que significa isso? Simples, o primeiro disco de inéditas está chegando! “Tudo Vai Mudar” vive seus dias de plena produção e já deu algumas boas crias. São elas as músicas Pacato Silêncio, Vida, Pro Mundo Inteiro Escutar, Coisas da Vida, Solução, Tempo, Sobreviver, Tudo Para Quando Olhamos Para as Nuvens, Vem Comigo e a faixa-título. 10 amostras do competente entrosamento e da técnica de cada uma delas.

Neila Abrahão é segura, tem feeling e sola com muita propriedade e sem afobação. Afinal, convenhamos, nada mais chato que guitarrista querer mostrar a todo custo que consegue sincronizar seus dedos nas cordas com extrema velocidade. Isso não expressa nenhum sentimento no que se faz. Mas Neila tem garra e alma quando toca. É uma fiel representante da delicadeza, da beleza na música. E faz isso porque tem o suporte ideal. Helen Ferla reveste um som aveludado, pesado e certeiro de seu baixo, Bruna, com sua pegada arrastada na bateria, mas sem Mari Moga o som não faria sentido! Esta é a VALENTINE.

E olha que para uma banda formada há relativo pouco tempo (em 2006), a VALENTINE tem de onde tirar muita experiência. Já rodou por boa parte do circuito da noite paulistana, em pontos importantes, como O Garimpo (na gravação do programa Kiss Club, da rádio Kiss FM). Além da capital, as meninas estiveram em cidades do interior (São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Campinas, São Roque, grande ABC) e litoral (Santos, São Vicente e Guarujá). Some a isso, diversos eventos em motoclubes.

O rock and roll pode parecer um tanto machista, deselegante por causa disso, mas a VALENTINE está aqui para mostrar um outro ângulo. Uma faceta que sempre esteve presente na história do estilo, mas que acabou abafada pelo clichê do machismo. Bobagem! Do que seria o rock e seus derivados sem Janis Joplin, Doro Pesch, Joan Jett, as tantas bandas da atualidade cujos holofotes estão em suas belas vocalistas? Seria chato! Portanto, meus caros, ter uma banda totalmente feminina, brasileira e competente como a VALENTINE nos dá motivos de sobra para esticar o sorriso de orelha a orelha. É ou não é?

Henrique Inglez de Souza (Guitar Player)

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